lasefoioutrodia

quinta-feira, abril 13

Ok, nem tudo vai mal.

O Berlusconi acabou por ser vítima das suas artimanhas, porque criou uma lei que permite ao partido vencedor (apenas com mais 25 mil votos) receber um bónus de 60 deputados, dando assim a Prodi uma confortável vitória na Câmara dos Deputados. Agora é esperar para ver como se vão entender naquele saco de gatos.

Entretanto, por terras lusas, depois do choque inicial de saber que o Supremo Tribunal de Justiça considera que "na educação do ser humano justifica-se uma correcção moderada que pode incluir alguns castigos corporais ou outros. Será utópico pensar o contrário e cremos bem que estão postas de parte, no plano científico, as teorias que defendem a abstenção total deste tipo de castigos moderados", fiquei de certa forma admirada com a chuva de críticas a esta teoria da Idade Média vinda de professores, associações, ordem dos advogados, psicólogos, UNICEF, Confederação dos pais, etc... E inclusive dos tais científicos da educação, referenciados no acordão para justificar teorias pró-castigos corporais. Citando um deles: ""um documento incompetente, arrogante e retrógrado" (Universidade Técnica de Lisboa)."
Bem sei que os Juízes do Supremo são a geração mais antiga do sistema judicial e como tal têm intrinsecamente um espírito conservador e antiquado. Mas então, quantos outros acordãos não terão saído das cabecinhas deles, cujo o conteúdo não temos conhecimento. É um pouco assustador, porque estão a criar precedentes que se transformam em lei. Sem falar no impacto simbólico que tem perante uma sociedade em que os castigos carporais são ainda um método considerado perfeitamente legítimo. Quantos pais não se sentirão assim legitimados a continuarem a praticar seu "método". No fundo, são passos que se vão dando para trás.
Sei bem que a falta de paciência leva a que se considere que a maneira mais fácil de educar uma criança seja através da dor física. Não se trata que as crianças entendam, nem que racionalizem o porquê da acção, do correcto ou do incorrecto, mas sim que criem rotinas irracionais sobre o que podem ou o que não podem fazer (um pouco como se faz com os cães). Deixar que a violência entre no quotidiano das crianças é legitimá-la perante o seu raciocínio. Torna-se algo normal bater nos mais fracos.

Bem, gostaria de continuar aqui na minha reflexão sobre formas de educar crianças, mas para além de não ter nenhuma, nem de ter intenções de as ter nos próximos tempos, tenho que trabalhar. Já percebi que este blog pode ser às vezes um sugador de tempo.

1 Comments:

  • Ana, o tempo que o teu blogue "suga" de ti, generosamente distribui entre entre nós as tuas ideias. Concordo contigo na reflexão sobre a educação para a violência, sim porque é disso que se trata, educar o outro para ser violento. Temos de ficar alerta, não há outro jeito. Na minha modesta opinião, Portugal, historicamente é assim mesmo: "as forças conservadoras e reacionárias são poderosíssimas". Mas também temos as forças revolucionárias. E nelas que devemos investir. Um beijo, daqui!

    By Anonymous Anónimo, at 20:05  

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